“Cozinhar é como um espetáculo: é preciso muita organização, treino, dedicação, conhecimento e amor para que, no final, os cinco sentidos o aplaudam de pé”.

Visão, audição, tato, olfato e paladar. Como mexer com os cinco sentidos na cozinha? Como despertar sensações? Como provocar? Essas perguntas são respondidas dentro do conceito de cozinha autoral. Técnica essa que profissionais do mundo inteiro tentam definir de uma forma ou de outra, mas, para mim, não tem certo ou errado. Eu acho que cozinha autoral é tudo aquilo que a gente coloca de sentimento, criatividade, experiência e vivências dentro de um prato.

Cozinhar é uma arte sensível. Vai muito além de técnicas, organização, treino e conhecimento. Tudo isso obviamente é importante, porém, é preciso que o alimento toque as pessoas. Desperte os sentidos. Faça provocações. Quando eu cozinho, uma das primeiras coisas que me pergunto é: será que esse prato vai agradar o meu cliente? Vai fazer ele sentir algo bom? Cozinhar é praticar empatia. Precisamos nos colocar no lugar do outro e ver a melhor forma de agradá-lo.

Tudo que vivemos se torna experiência. Então, com a comida não poderia ser diferente. Cada garfada é uma oportunidade de saborear o novo. Uma aparência bonita, um aroma provocador e um sabor arrebatador. Um bom prato é aquele que dá vontade de comer mais. De novo. Precisa dar vontade de lamber os dedos. Por essas e outras que eu gosto e pratico tanto a cozinha autoral. Acho que é a oportunidade de colocar o que conheço, o que já vivi e provei dentro de uma grande panela. Aliás, coloco até o desconhecido. Tudo aquilo que ainda vou conhecer. Mexo daqui, experimento de lá. Em cada ingrediente, uma missão de agradar. Afinal de contas, o público já está a mesa e o grande espetáculo gastronômico vai começar.

Vocês estão servidos?.

Fernando Reis é chef de cozinha na empresa Intellikit.